Há 57 anos ocorria a histórica “Grande Marcha por Trabalho e Liberdade”, liderada pelo reverendo Martin Luther King Jr., conhecida como a “Grande Marcha para Washington”, que reuniu 250 mil pessoas vindos de diversos lugares do país em direção a capital americana.
Ficaram famosas no mundo todo as imagens da multidão que cercava o espelho d’água do Monumento a Washington. O ato contou com o apoio de várias personalidades e lideranças no campo da arte, da política, do sindicalismo e dos movimentos sociais.
Em 1963 se comemorava os cem anos da Proclamação da Emancipação assinada por Abraham Lincoln que pôs fim a escravidão nos Estado Unidos libertando quatro milhões de escravos, oficializada pelo Congresso Americano em dezembro de 1865. Nos anos seguintes ao fim da escravidão os negros obtiveram direitos iguais aos brancos, inclusive como eleitores, no período que foi chamado de “reconstrução nacional” (1867-1877).
No entanto, houve uma forte reação contra a concessão de direitos iguais aos negros. Muitos fazendeiros do sul dos Estados Unidos usaram a sua influência político para fazer com que Estados adotassem medidas segregacionistas contra os negros (usando o “Princípio dos Estados” que lhes dava autonomia para criar leis próprias).
Tem início a era de segregação racial, chamada de “era Jim Crow”, que perdurou por 90 anos nos Estados Unidos (1876 e 1865), adotadas pelos Estados do sul no início e se estendendo para quase todo o território americano na primeira década do século XX. Essas leis previam separação de brancos e negros nas escolas e transportes públicos e privados (ônibus, trens, banheiros, bebedouros, hospitais, hotéis, teatros, clubes esportivos). Em algumas cidades os negros eram segregados em parques e praças. Havia também leis anti-miscigenação, que proibiam relacionamentos e casamentos entre brancos e negros. Junto com as leis segregacionistas vieram os atos racistas mais violentos contra homens e mulheres negros nas ruas e guetos como: espancamentos, linchamentos, enforcamentos, incêndios e outros crimes de ódio contra negros.
A “Grande Marcha” liderada pelo reverendo Martin Luther King Jr. fazia parte de um conjunto de ações do movimento antirracista nos Estados Unidos para combater a discriminação e conquistar a lei dos Diretos Civis. Foi nesse lendário acontecimento que Luther King proferiu seu mais famoso discurso “Eu tenho um sonho que meus filhos não sejam julgados pela cor de suas peles, mas pelo seu caráter…”.
O impacto nacional e internacional da Grande Marcha foi tão grande que a Lei dos Direitos Civis foi conquistada em 1964, seguida pela Lei do Direito ao Voto de 1965 e acabando formalmente com a política de segregação racial nos Estados Unidos. Mas, o sonho do reverendo Luther King Jr., ainda continua sendo um sonho para a população negra nos Estados Unidos como ficou evidente no assassinato recente de George Floyd e em outros casos de violência posteriores à sua morte.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC