Passado mais de um mês da suspensão do auxílio pelo governo federal, beneficiários do maior programa de transferência de renda da história do país sentem os efeitos da falta do dinheiro.

 

O fim do pagamento fez o porcentual de brasileiros na linha de pobreza chegar a 12,8% no início deste ano, de acordo com uma análise feita pela FGV a partir de dados do IBGE.

 

Segundo a projeção, neste começo de ano, quase 27 milhões de pessoas passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês, ou R$ 8,20 ao dia.

 

Por causa do auxílio, o índice chegou a cair para 4,5% em agosto do ano passado.

 

Desde a interrupção do benefício, a dona de casa Milena Souza vive com os três filhos com R$ 310 por mês.

 

Para conseguir alimentar as crianças, a baiana de 21 anos escolhe qual refeição vai fazer no dia:

 

O auxílio emergencial começou a ser distribuído em abril do ano passado para dar apoio financeiro à população durante a pandemia do coronavírus.

 

Inicialmente, o benefício de 600 reais tinha previsão de durar três meses, de abril a junho.

 

Depois, a contribuição foi estendida de julho até dezembro, mas o governo passou a pagar R$ 300 para cada pessoa.

 

A ausência do auxílio também faz diferença na casa do amazonense Airton Bonarte, que está desempregado e sem perspectiva de arrumar trabalho.

 

Morador de Manaus, ele diz que está recebendo ajuda de pessoas próximas, mas enfrenta dificuldades para sobreviver com o irmão mais novo:

 

No Sudeste do país, a manicure Roberta usava o auxílio para pagar o aluguel da casa onde vive com os três filhos no bairro de Furnas, na Zona Norte de São Paulo.

 

Sem emprego, ela não consegue sanar as dívidas:

 

Um outro levantamento, feito pelo Datafolha, mostrou que sete em cada dez beneficiários do auxílio emergencial ainda não encontraram fonte de renda para substituí-lo.

 

Na última terça, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu a possibilidade de retomar os pagamentos caso a economia sinta o baque da piora da pandemia e se houver imprevistos com a vacinação em massa.

 

No entanto, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez afirmou que a manutenção do auxílio emergencial pode quebrar o País.

 

A professora de Economia do Insper, Juliana Inhasz, diz que, sem o benefício, as pessoas em situação de vulnerabilidade vão ter reduzir ainda mais os custos e, por isso, terão uma qualidade de vida pior:

 

Ao todo, mais de 67 milhões de brasileiros receberam o auxílio emergencial.

 

Fonte: Band News