Em entrevista coletiva realizada nesta quinta (17) virtualmente, os presidentes de 10 centrais sindicais lançaram e explicaram as razões e os procedimentos da campanha Pela manutenção do auxílio emergencial de 600 reais até dezembro.

 

Depois de uma apresentação geral do assessor das centrais, Clemente Ganz Lúcio, que exibiu os cards da campanha e lançou o abaixo-assinado virtual, houve as falas dos presidentes.

 

O primeiro a falar foi o presidente da CUT, Sérgio Nobre, que destacou a expressiva injeção de recursos no Nordeste promovida pelo Auxílio e afirmou que é um crime reduzir para 300 reais, ainda mais com a alta da inflação.  Ele também inseriu no debate a questão da renda básica, afirmando que a pandemia deixou claro para o mundo a necessidade de um programa de renda permanente básica e, pauta que, segundo ele “está em nosso horizonte com certeza”.

 

Logo depois, Miguel Torres, presidente da Força Sindical, pontuou que o auxílio deve ser “no mínimo” até dezembro. Nenhum real a menos. Ele explicou que já existem, no Congresso Nacional, pedidos de emendas à MP 1000 (que prorroga o auxílio, mas rebaixa o valor para 300 reais) defendendo a manutenção dos 600 reais, inclusive uma do deputado Paulinho da Força (SD), disse ele.

 

Ele lembrou também da grande importância em ajudar as pequenas empresas, que serão beneficiadas com a extensão do auxílio devido ao incentivo ao consumo.

 

A questão do fomento ao consumo foi levantada, sob outro ângulo, por Ricardo Patah, presidente d UGT, que lembrou que o auxílio de 600 reais manteve um mínimo de funcionamento nos serviços e comércio, áreas que foram as mais afetadas. Hoje já se vê um aumento de famílias nas ruas, afirmou Patah, alertando para o fato de que o corte do auxílio poderá levar a uma situação ainda mais calamitosa, com violência e saques.

 

O apelo político da campanha foi ressaltado por Adilson Araújo, da CTB, que afirmou que o auxílio é a principal bandeira que sustenta a popularidade de Bolsonaro, e que isso é um oportunismo da parte dele, uma vez que o valor foi proposto pelas centrais sindicais e aprovado pelo Congresso. Para ele é fundamental fazer essa disputa de narrativa e mostrar para o povo qual é a verdadeira política de Bolsonaro.

 

Já o presidente da NCST, José Calixto Ramos, ponderou que a campanha deve abranger as bases sindicais e sociais, e não se limitar a uma campanha de cúpula. Ele também reforçou a importância em manter o auxílio de 1.200 reais para as mulheres mães de família.

 

Ubiraci Dantas, da CGTB, fez um apelo ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que ele fique ao lado da nação e não ao lado dos traidores da pátria. Segundo ele há uma confiança de que ele será sensível à questão, uma vez que ele já colocou para votar os 600 reais.

 

Representando o Conlutas, o sindicalista Atnágoras, trouxe a informação de que o IBGE divulgou uma pesquisa que mostra que o aumento da insegurança alimentar tem um corte de classe. Isso reforça, segundo ele, a necessidade em manter os 600 reais, no sentido de combater essa insegurança alimentar e essa desigualdade social.

 

José Gozze, da central Pública, enfatizou que a campanha segue o mesmo mote de uma outra campanha, mais abrangente, que também envolve as centrais sindicais, chamada Brasil pela democracia e pela vida, uma vez que os 600 reais tanto beneficia a qualidade de vida dos cidadãos, quanto a economia do país.

 

Por fim, o secretário geral da CSB, Álvaro Egea, trouxe o dado de que o auxílio representa hoje 2,5% do PIB, um valor expressivo que deve sensibilizar o Congresso a modificar a medida e manter o valor de 600 reais.

 

Os sindicalistas afirmaram que já estão pedindo audiência com o Alcolubre, com o Maia e com os líderes dos partidos para defender a manutenção do valor do auxílio e lembraram que governo já falou que não quer que a medida seja votada. A ideia é ir à Brasília levar essa discussão já na semana que vê, afirmou Miguel Torres “já começamos neste fim de semana com as secretarias estaduais das centrais”, disse.

 

Na coletiva foi apresentado o seguinte documento que expõe os fundamentos da campanha:

 

 

 

É bom para o povo, para a economia e para o Brasil

 

 

 

As Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, CGTB, Intersindical, CSP-Conlutas, Intersindical e Pública, seus sindicatos e entidades, iniciam de forma unitária nesta quinta-feira (17) uma mobilização nacional para conclamar ao Congresso Nacional para votar a MP 1000 e restituir o valor de R$ 600 para o Auxílio Emergencial (R# 1.200 para mãe chefe de família). Essa iniciativa fundamental depende inicialmente da decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, de encaminhar o processo legislativo e pautar a votação na Câmara dos Deputados.

 

Nosso o objetivo é impedir que o governo federal cometa mais uma injustiça contra a classe trabalhadora e, principalmente, contra a população vulnerável, as mais atingidas pela pandemia de Covid-19 e a recessão.

 

A Medida Provisória 1000 corta o Auxílio Emergencial pela metade, reduzindo-o a R$ 300,00, restringindo ainda mais a capacidade de milhões de famílias brasileiras enfrentarem as consequências da crise sanitária causada pela pandemia do coronovírus, em especial o desemprego e a perda de renda do trabalho. A redução do Auxílio compromete gravemente a capacidade das famílias adquirem a alimentação, moradia, transporte e outros bens de consumo básicos, além de todas as outras necessidades.

 

O Auxílio Emergencial de R$ 600,00 garantiu o consumo básico de mais de 50 milhões de pessoas, fomentou a atividade nas empresas e protegeu milhões de empregos, fazendo a roda da economia girar, impedindo, assim, que uma crise econômica ainda maior se instalasse no país. Estudos estimam que os mais de R$ 320 bilhões mobilizados para financiar esse Auxílio teve um impacto positivo na massa de rendimentos das famílias que, transformada em consumo, foi capaz de sustentar mais de 2% do PIB brasileiro em 2020.

 

Sairemos dessa grave crise sanitária e econômica se formos ousados e tivermos capacidade efetiva de cooperação. Cabe ao governo federal articular e coordenar os esforços de enfretamento da crise sanitária, contudo o governo atua no sentido contrário, o que significa milhares de vidas perdidas que seriam evitáveis.

 

Cabe ao governo mobilizar os recursos públicos, com impostos progressivos e taxando os ricos, para garantir renda básica para todos que necessitem, bem como mobilizar investimentos para a retomada das milhares de obras paradas, para a expansão da nossa infraestrutura econômica e social, orientando para um desenvolvimento produtivo ambientalmente sustentável, justo e cooperado.

 

Convidamos as organizações, entidades e movimentos para que façamos um grande esforço de articulação das nossas iniciativas. Conclamamos parlamentares e partidos para um amplo diálogo social compromissado com a nação brasileira, com o desenvolvimento econômico sustentável, com a justiça social, diálogo esse que deve agora materializar-se na manutenção do Auxílio Emergencial de R$ 600 até dezembro.

 

Assine o abaixo assinado em apoio a Campanha

 

São Paulo, 17 de setembro de 2020

 

Sérgio Nobre – Presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores

 

Miguel Torres – Presidente da Força Sindical

 

Adilson Araújo – Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

 

Ricardo Patah – Presidente da UGT – União Geral dos Trabalhadores

 

José Calixto Ramos – Presidente da NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores

 

Alvaro Egea – Secretário Geral da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros

 

Ubiraci Dantas Oliveira – Presidente da CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil

 

Joaninha de Oliveira – Secretaria Executiva Nacional da CSP – Conlutas

 

Nilza Pereira de Almeida – Secretaria de Finanças – Intersindical – Central da Classe Trabalhadora

 

Emanuel Melato – Coordenação da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

 

José Gozze – Presidente – Pública Central do Servidor