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Após as negociações o Sintratel fez assembleias em várias empresas, consultando os trabalhadores e garantindo participação da categoria no fechamento da Convenção Coletiva de Trabalho!

Veja AQUI boletim de fechamento da Campanha Salarial 2018. 

O fantasma da Reforma Trabalhista rondou todo o processo das negociações entre o Sintratel (sindicato laboral) e o Sintelmark (sindicato patronal).

Essa reforma, imposta pelo governo Temer, e alertada inúmeras vezes pelos movimentos sociais organizados, foi feita sob medida para atender os interesses patronais. Foram retrocessos e perdas aos trabalhadores de diversas categorias, e tiveram reflexos também nas negociações do setor do Telemarketing. 

Desmentindo o que se dizia, a reforma trabalhista não gerou mais empregos como prometiam, mudou a CLT a favor dos empresários e impôs várias regras que deixam os trabalhadores entregues à própria sorte. E ao contrário do que a grande mídia vem fazendo campanha, somente sindicatos fortes (categoria organizada e filiad@s) terão condições de obter condições dignas de trabalho e salários.

A reforma enfraqueceu a legislação ao ressaltar o negociado acima do legislado, obrigando os trabalhadores a renegociarem cada item da Convenção, fazendo o que está na lei virar letra morta.

 Além disso, a Reforma criou a possibilidade do acordo individual entre trabalhador e a empresa. O patronal adorou isso, porque pode pressionar e impor seus interesses aos trabalhadores, retirando direitos, numa negociação individual, onde ficamos isolados e sozinhos.

Ocorreram inúmeros acordos desse tipo depois de 11 de novembro, data em que a reforma passou a vigorar. Isso levou muitos trabalhadores a abrir mão de vários direitos conquistados anteriormente, o que tornou ainda mais difícil as negociações das Convenções Coletivas.

O fato é que a reforma trabalhista trouxe uma nova realidade às negociações. Além de mudar regras e leis a favor dos empresários, deixou as Entidades Sindicais enfraquecidas estruturalmente. Com as entidades desguarnecidas, os patrões puderam colocar sua volúpia em prática, e as entidades sucumbiram.

O resultado disso é a assinatura de inúmeros acordos coletivos com prejuízos aos direitos e conquistas anteriores. E isso ocorreu porque os trabalhadores perderam força frente à estrutura empresarial.

Manutenção dos direitos e reposição da inflação

Nesse contexto, a negociação feita pelo Sintratel para a Convenção Coletiva do setor de Telemarketing de 2018, teve o mérito de manter as cláusulas anteriores da C.C.T. e repor as perdas da inflação do período nos salários, elevando o piso dos operadores e operadoras para R$ 977,00. 

Um aumento significativo, num cenário onde vimos o salário mínimo nacional sofrer um desconto de R$10,00 no valor final. 

Sendo assim, tivemos um resultado consistente frente à insistência patronal em usar as prerrogativas da reforma nas negociações. 

O tempo todo eles se espelharam em negociações e convenções assinadas país afora após a reforma, sempre com grandes perdas aos trabalhadores, devemos ressaltar.

Foi nesse momento de retrocessos históricos impostos pelo governo patronal de Temer e por um congresso Nacional recheado de corruptos, com muita dificuldade, 2 meses após nossa data base (1° de janeiro) encerraram as negociações.

Mas ficou claro, que somente a organização e a mobilização das categorias poderão fortalecer a luta da categoria frente a nova realidade imposta pela Reforma trabalhista.

 

PrincipaisConquistas 2

Conquistar uma sociedade mais igualitária e justa depende do esforço de todos nós!

Elas são 51% da população brasileira, o que representa cerca de 103 milhões de mulheres no país. No setor de telemarketing são maioria e executam as mesmas funções e obrigações que os homens. A diferença está na desigualdade de oportunidades. Mesmo após muita luta e conquistas, as mulheres sofrem com o preconceito e são submetidas a estereótipos machistas que as humilham e desqualificam.

Nesse 8 de março, a reflexão sobre a necessidade de mudanças urgentes nos papéis sociais de gênero está na ordem do dia.

Segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres passam o dobro do tempo dos homens com tarefas domésticas. Constatou-se, que as mulheres dedicam, em média, 20 horas semanais aos cuidados com o lar, enquanto eles dedicam apenas 11 horas semanais.

A desigualdade ocasiona tripla jornada de trabalho, que prejudica a saúde física e emocional, o desenvolvimento social, profissional e acadêmico das mulheres.

Além da jornada de trabalho nas empresas, a mulher cuida da casa, da alimentação, da rotina dos filhos e tudo que diz respeito à família. Esse excesso de obrigações compromete o crescimento da mulher como profissional e protagonista da própria vida.

É preciso pensar cada dia mais em buscar autonomia e empoderamento para ocupar mais lugares. As mulheres podem e devem ir para as universidades, para cargos de chefia, para a política. Para isso, todos precisam ter consciência e respeito que lugar de mulher é onde ela quiser.

Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Outras Formas de Trabalho, referente a 2016, a proporção de tempo dedicado pelas mulheres aos serviços domésticos é bem maior, apesar dos homens estarem mais ativos nas tarefas de casa.

A análise mostrou, por exemplo, que preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça é uma obrigação de 95% das mulheres consultadas, enquanto apenas 58% dos homens tem essa responsabilidade cotidiana.

No mercado de trabalho, o acúmulo de função sobrecarrega a mulher, prejudicando seu crescimento profissional.

Apesar de ocuparem 60% das vagas nas universidades, a presença feminina em cargos de chefia no Brasil é baixa, apenas 11% ocupam cargos nos conselhos no alto escalão das maiores empresas do país.

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ethos, com apoio da ONU Mulheres, revela que elas levam vantagem em relação aos homens apenas nos cargos de baixo escalão, como aprendizes e estagiários, com participação de 55% e 58%, respectivamente.

“Que horas a mulher vai estudar? Se quando chega em casa tem que cuidar dos afazeres domésticos e dos filhos, na maioria das vezes sozinha. A sociedade precisa pensar em maneiras de incluir as mulheres em políticas públicas eficazes para acabar com essa desigualdade”, enfatiza Valmira Luzia da Silva, Diretora do Sintratel.

Diversos temas envolvem a questão social das mulheres, as dificuldades de alcançar melhores posições profissionais por conta da dupla jornada de trabalho, o preconceito, o assédio, entre outras. Essa realidade precisa mudar, e a mudança depende a conscientização e da ação de todos e todas.

O Sintratel parabeniza todas as trabalhadoras da categoria pelo Dia Internacional da Mulher! 

LER/DORT é uma sindrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores.

O Dia Mundial de Combate à Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) é reverenciado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 28 de fevereiro com o objetivo de alertar a população sobre esse grande problema da saúde pública em muitos locais de trabalho.

A LER/DORT não é propriamente uma doença, mas uma síndrome que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores e inferiores. É originada na organização e nas condições de trabalho, tais como, a intensificação do ritmo, redução do contingente de trabalhadores, metas de produção inatingíveis, prescrições inexequíveis, cobranças continuas, jornada de trabalho excessiva, assédio moral e perseguição aos trabalhadores, em empresas com gestão e organização autoritária.

Considerada como a segunda causa de afastamento de trabalho na Previdência Social, os dados previdenciários ainda estão muito aquém da real situação, pois só a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE e divulgada em 2013, apontava que 3.56.095 brasileiros informaram ter tido diagnóstico de LER/DORT.

Apesar das estatísticas recentes apresentarem diminuição das LER/DORT nos últimos anos, é falso a informações de que a doença está controlada nos locais de trabalho no país, pois tanto os patrões e como a Previdência Social utilizam inúmeros mecanismos para diminuir as estatísticas de LER/DORT. As subnotificações das doenças relacionadas com trabalho, encaminhamentos dos empregados para tratamentos na rede privada de saúde, praticas de assédio moral e até demissões dos portadores de LER/DORT são algumas das estratégias das organizações para não registrar os adoecimentos.

Por sua vez, não reconhecimento da incapacidade de trabalho e a descaracterização dos casos de LER/DORT como ocupacionais pela pericia médica previdenciária e mais recentemente a revisão de benefícios por incapacidade de longa duração (MP nº 739/2016) que concedeu altas médicas à mais de 80% dos segurados com benefícios por auxílio-doença ou aposentados por invalidez contribuem para que as empresas continuem mutilando os trabalhadores e trabalhadoras no país.

Embora não haja dados precisos sobre o perfil dos segurados que tiveram os benefícios cancelados na revisão de benefícios por incapacidade de longa duração, tudo indica que o maior percentual de alta médica, no caso especifico de LER/DORT forma mulheres. Sendo a LER/DORT uma consequência da organização e condições de trabalho, a reforma trabalhista imposta para reduzir custos do empregador, ampliar o lucro e a competitividade das empresas, além de facilitar a precarização das relações de trabalho e o enfraquecimento da representação sindical terá como consequência milhares de novos casos de LER/DORT e adoecimento mental.

Os motivos que levaram as entidades referenciarem o 28 de fevereiro como Dia Mundial de Combate à LER/ DORT, no passado recente, se multiplicaram diante da nova conjuntura do mundo do trabalho brasileiro: terceirização da mão de obra, trabalho intermitente, flexibilização da jornada de trabalho, descumprimento da legislação trabalhista, trabalho análogo à escravidão, enfraquecimento dos sindicatos, sucateamento do Ministério do Trabalho e dificuldade de acesso à Justiça do Trabalho.

Neste contexto o 28 de fevereiro é mais um dia luta contra as diversas formas de precarização do trabalho e a degradação da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, luta que é contínua e deve ser levada o ano todo.

28 de Fevereiro Dia Mundial de Combate à LER DORT 2

VotoFemininoDe autoria da deputada Federal Sueli Vidigal, o PL 4.765/09 dispôs sobre uma data para comemorar “Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil”. Foi escolhido 24 de fevereiro, porque neste dia, por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas em 1932, a mulher brasileira obteve o direito de votar nas eleições nacionais. Em 2015, a então presidenta da República, Dilma Rousseff, instituiu esse como o “Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil” por meio da Lei 13.086/15

Entretanto, a conquista não foi completa. O Código Eleitoral da época permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras e com renda própria pudessem votar.

lei 13086Em 1934 as restrições ao pleno exercício do voto feminino foram eliminadas no Código Eleitoral e em 1946, a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres.

Passaram alguns anos até que todas as restrições ao pleno exercício do voto feminino fossem retiradas e as mulheres pudessem exercer seus direitos de cidadãs plenamente no Brasil, e mesmo assim ainda são prejudicadas pela desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho por exemplo.

Mas ainda há muito a ser conquistado. A mulher precisa conquistar, por exemplo, mais representatividade na política brasileira, com mais cadeiras nos cargos executivos, nas assembleias legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

O movimento das “Sufragistas” na Inglaterra foi determinante para que em todo o mundo as mulheres se unissem na campanha pelo direito político de expressar a sua vontade e escolher os seus representantes nos Parlamentos e nos Governos. Embora capitaneado por mulheres da alta sociedade e intelectuais, teve nas mulheres da classe média e nas trabalhadoras a força da luta (muitas vezes física) que levou os homens a reconhecerem a igual capacidade e direito para mais da metade da espécie humana.

O voto feminino no Brasil

Apesar de 1932 ter sido um importante ano para a participação feminina na vida pública, a luta começou muito antes. Não era apenas por um voto que as mulheres, ao longo dos anos, lutavam. A grande insatisfação feminina, na verdade, era a própria cidadania cercada de preconceitos.

A exclusão da mulher do exercício dos direitos políticos enquadrava o grupo feminino como cidadãs de 2ª classe, que tinham sua representatividade cerceada pelos interesses masculinos.

Esta condição ficava bem clara na constituição de 1891 ao afirmar no art. 70 que “são eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei”. Com o tempo, as mulheres se organizaram parar criar os partidos por elas próprias. Neste cenário, surge Leolinda Daltro, que em 1910 fundou o Partido Republicano Feminino.

Figuras importantes

Os três poderes ainda são espaços predominantemente masculinos. Como já relatado anteriormente, por anos a fio, as mulheres precisaram lutar para conseguir participar da vida pública e política. Confira a seguir mulheres que fizeram história nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário:

Executivo – Iolanda Fleming

Foi governadora do Acre, de 1986-1987, tendo sido a primeira mulher a governar um estado brasileiro. É filha do seringueiro cearense Horácio Lima e da imigrante árabe Nazira Anute de Lima. Iolanda era a mais velha dos dez filhos do casal.

Iolanda foi eleita vice-governadora na chapa de Nabor Júnior. Ela assumiu o cargo em 1986, depois que o titular saiu para disputar a vaga de senador.

Legislativo – Carlota Pereira Queiroz

Foi a primeira mulher eleita deputada federal no Brasil, em 1934. Carlota não só se destacou na vida política, pois também foi pioneira na área médica, tornando-se a primeira mulher a integrar a Academia Nacional de Medicina, em 1942, e ocupando o cargo de Presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas (ABMM), no período de 1961 a 1967.

“Cabe-me a honra, com a minha simples presença aqui, de deixar escrito um capítulo novo para a história do Brasil: o da colaboração feminina para a história do País” (primeiro pronunciamento na Câmara em 13 de março de 1934.)

Laélia de Alcântara

Nascida em Salvador no dia 7 de julho de 1923, Laélia Contreiras Agra de Alcântara ou Laélia de Alcântara foi uma médica e política brasileira, que foi senadora pelo Acre. Foi a primeira mulher negra a exercer tal mandato.

Filha de Júlio Martins Agra e de Beatriz Contreiras Agra, a ex-senadora, quando médica, se especializou em atendimentos nas áreas de obstetrícia e pediatria. Laélia parou de atuar na Medicina e na política por razões de saúde e veio a falecer em 2005.

Judiciário – Ellen Gracie Northfleet

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro e foi a primeira mulher a compor a Suprema Corte brasileira, no ano de 2000. Anos mais tarde, em 2006, empossou-se no cargo de presidente do STF.

Vale lembrar que durante sua gestão foi levado a julgamento um dos maiores processos em volume e repercussão da história da Corte: o inquérito do Mensalão.

 

Com informações do Portal Vermelho

Durante manifestação na Av. Paulista, com participação do Sintratel, Congresso Nacional para tramitação da PEC 287/16, a reforma da Previdência de Temer – VAMOS CONTINUAR NA LUTA ATÉ A VITÓRIA FINAL!

A diretoria do SINTRATEL e muitos trabalhadores(as) da categoria reforçaram a luta contra a reforma da Previdência com participação em ato na Av. Paulista no dia 19/02.

Quem estava presente recebeu na Avenida a notícia da suspensão da tramitação da reforma da Previdência de Temer, a PEC 287/2016. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou em entrevista no final da tarde do dia 19/02 que a votação da Reforma deverá ficar para depois das eleições de outubro.

O anúncio ocorreu após o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB/CE), suspender a tramitação de todas as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) em tramitação na Casa, em virtude da publicação do Decreto nº 9.288, que formaliza a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), seguiu o mesmo entendimento, suspendendo a tramitação das PECs na Câmara. Segundo o §1º do Art. 60 da Constituição, enquanto vigorar a intervenção federal, a CF não poderá ser emendada.”

Isso não significa que os trabalhadores podem baixar a guarda.

Precisam permanecer alertas e mobilizados porque nesse governo não se pode confiar. Do mesmo jeito que tirou da cartola uma intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, pode retomar a votação da reforma se perceber que há clima e possibilidade de aprová-la.

Por isso não vamos descansar nem sair das ruas para impedir a tramitação dessa re(de)forma da previdência.

Você quer se aposentar só aos 65 anos de idade?

Só com 40 anos de contribuição ao INSS?

Você quer morrer trabalhando?

É isso que Temer quer com sua reforma da Previdência! Juntos podemos derrotar o governo! Participe dos atos! Lute com o Sintratel!

 

Déficit da Previdência não existe

Temer continua insistindo que há déficit na Previdência, que seria da ordem de R$ 100 bi. Está fazendo uma campanha infame de chantagem, dizendo que o Brasil quebra se a reforma da previdência não for aprovada.

Mas a CPI da previdência no Senado já mostrou que é falso. Temer manipula os cálculos para gerar o déficit. E tem a dívida das empresas, que ele não cobra e quer perdoar. Ela passa de R$ 450 bi. É só cobrar a dívida das empresas e fiscalizar para não ter mais calote que a previdência fica com dinheiro sobrando para várias décadas.

Apesar de estar jogando sujo para aprovar sua reforma, comprando o voto de deputados e o apoio dos meios de comunicação para enganar a população, o próprio governo Temer avalia que ainda não tem os votos necessários para aprovar a medida na Câmara. Portanto, aumentar a pressão e a mobilização neste momento pode inviabilizar de vez a votação dessa reforma que acaba com o direito à aposentadoria.

Por qualquer ângulo que se examine, a intervenção no Rio de Janeiro é aquele tipo de escolha que tem enorme chance de colecionar muito fracasso e de produzir zero acerto.

É uma decisão tremendamente equivocada e ineficaz, que não resolverá os problemas da violência, insegurança e do crime organizado no Rio. Que não é, inclusive, o Estado da federação com a pior realidade, que justificasse a adoção de medida grave e perigosa.

No Atlas da Violência do IPEA, a taxa de 30,6 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2015 coloca o Rio na 18ª posição do país. Estão em situação muito mais crítica que o Rio, portanto, outros 17 Estados que, em tese, deveriam merecer absoluta prioridade de atenção antes do próprio Rio.

Alguns deles com taxas alarmantes, como Sergipe, com 58,1 homicídios/100 mil habitantes; Alagoas, 52,3/100 mil; Ceará, 46,7/100 mil; Goiás, 45,3/100 mil; Pará, 45/100 mil; Rio Grande do Norte, 44,9/100 mil; Pernambuco, com 41,2/100 mil etc.

Por outro lado, o relatório de 2016 do Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal do México registra 19 cidades brasileiras dentre as 50 mais cidades mais violentas do mundo. A única cidade do Estado do Rio que figura na lista, entretanto, é Campos dos Goytacazes, em 19º lugar, com 56,4 homicídios por 100 mil habitantes.

A lista inclui Natal, Belém, Aracajú, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Salvador, Maceió, Recife, João Pessoa, São Luís, Fortaleza, Teresina, Cuiabá, Goiânia, Macapá, Manaus, Vitória e, em 49º lugar, a Curitiba dos fascistas da Lava Jato, com 34,9 homicídios por 100 mil habitantes.

Além destes 2 estudos – um nacional e outro estrangeiro – também tem muito valor a informação da presidente do Instituto de Segurança do Rio, Joana Monteiro, de que "não houve nenhuma explosão de violência no Rio durante o carnaval" [entrevista ao Estadão] que justificasse a intervenção.

Ela sustenta com dados que o número de ocorrências no período do carnaval de 2018 se equiparou a 2017, e é quase metade das ocorrências dos carnavais de 2015 e 2016.

Apesar disso, Temer e a Rede Globo enxergam na situação do Rio as "metástases" que não diagnosticam nos demais estados brasileiros em condição bastante mais crítica.

Ora, se pelo critério epidemiológico não haveria a menor justificativa para a medida, o que então explica a decisão da camarilha do Temer, que até já recebeu aplausos de juízes do STF, mesmo que a medida seja inconstitucional, porque carente de fundamento técnico-social e de consulta prévia ao Conselho da República?

O general designado interventor, Walter Souza Braga Netto, antítese do falastrão ministro da Defesa, respondeu magistralmente a esta pergunta com apenas 2 palavras: "muita mídia", disse ele, comentando que a situação do Rio não é tão crítica como se tem noticiado. Ou, de outra maneira: não difere da realidade de décadas.

Mais além do agendamento histérico-midiático produzido pela Globo, que é verdadeiro e concreto, qual o real interesse por trás dessa equivocada e perigosa decisão, nunca antes adotada?

Especula-se que serviria como álibi para a camarilha não votar [e não ver derrotada] a reforma da previdência, uma vez que a Constituição proíbe mudanças constitucionais sob a vigência de decreto de intervenção federal. Isso, contudo, é mera consequência; é muito, mas muito pouco provável que tenha sido o fator determinante para a medida.

Outra hipótese é de que intervenção teria sido pensada como cartada política para turbinar candidaturas do bloco dominante explorando demagogicamente a agenda da segurança. É possível que sim, porém improvável, porque os riscos de fracasso suplantam muito a expectativa de êxito.

Em questão de dias o cenário ficará desanuviado, e então o enigma poderá ser decifrado. Não se pode menosprezar, todavia, que a intervenção no Rio abre uma janela de oportunidade para o endurecimento autoritário do regime de exceção, com a adição do componente militar à ditadura jurídico-midiática que domina o país.

A intervenção no Rio não caracteriza o fechamento do regime, mas poderá significar, se isso for necessário para interditar a vitória do Lula ou do candidato que ele ajudar a eleger na eleição de outubro próximo.

Seja por puro acaso, por sorte ou por planejamento estratégico, a verdade é que a oligarquia golpista pode ter adicionado um novo ingrediente ao cardápio de opções para perpetuar o golpe.

Fonte: Brasil 247

A obra apresenta a biografia de 44 personalidades femininas notáveis, frequentemente apagadas (na ilustração, Anita Garibaldo e Dandara)

Entre os temas ensinados aos jovens brasileiros no ensino básico, estão, por exemplo, a fase inicial da colonização, a resistência dos quilombos à escravidão e a Inconfidência Mineira. Nessas aulas, porém, os alunos ouvem falar pouco ou nada da ativista de ascendência indígena Madalena Caramuru, que viveu no século 16, da guerreira quilombola Dandara ou da inconfidente Hipólita Jacinta de Melo.

Na literatura, estudam romances de José de Alencar e de outros autores do Romantismo, mas não são informados da existência de Maria Firmina dos Reis, autora de “Úrsula”, um dos primeiros romances de autoria feminina do Brasil, primeiro de autoria negra e primeiro escrito ficcional de cunho abolicionista. Outras, como Anita Garibaldi, são mencionadas, mas quase sempre à sombra de seus companheiros homens.

O apagamento de brasileiras responsáveis por contribuições importantes se repete em diversas áreas de atuação. Em uma tentativa de reparar esse desconhecimento, o livro “Extraordinárias Mulheres que Revolucionaram o Brasil”, lançado pela Companhia das Letras na última semana de novembro, reúne a trajetória de 44 mulheres, com ilustração inédita de cada uma delas.

Os livros e a onda de representatividade

Com proposta semelhante, o livro “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes” reúne narrativas curtas que descrevem os feitos de 100 mulheres de diferentes épocas e países. Foi escrito pelas italianas Elena Favilli e Francesca Cavallo, conta com a contribuição de 60 mulheres artistas do mundo todo nas ilustrações e chegou ao Brasil em fevereiro de 2017.

Desde sua publicação, volumes do tipo, com o propósito de resgatar a biografia de mulheres cuja contribuição histórica é pouco difundida ou mesmo desconhecida, foram preparados em vários países. O contexto é a reivindicação de representatividade que tem sido pautada por feministas e profissionais das artes, da ciência, da tecnologia, entre outros campos.

“Extraordinárias Mulheres” é o primeiro dessa onda que se propõe a compilar os dados biográficos e os feitos de mulheres nascidas no Brasil ou “abrasileiradas” – que adotaram o país para viver, como é o caso da arquiteta Lina Bo Bardi e da missionária e ativista Dorothy Stang.

O projeto das jornalistas Duda Porto de Souza e Aryane Cararo é fruto de dois anos de pesquisa – um mergulho na vida de quase 300 mulheres, a partir das quais as autoras chegaram às 44 que estão no livro. Consultaram arquivos de jornais, livros, documentos e realizaram entrevistas. Entraram para a seleção as que representaram um marco, um divisor de águas em suas respectivas áreas.

Apesar da vocação educativa explícita, seu público alvo transcende uma faixa etária específica, segundo as autoras.

“Espero que seja um passo inicial. Que sirva de inspiração para crianças, jovens e adultos irem atrás de outras brasileiras brilhantes. E que a gente possa contar uma história um pouco mais igualitária, justa, dando nomes e rostos a quem fez o país chegar até aqui”, disse Aryane Cararo.

“Que a gente possa contar a história de Anita, a mulher que enfrentou tropas imperiais no Brasil e lutou pela unificação da Itália. E não a Anita do Garibaldi. De Dandara, a mulher que não queria fechar o quilombo para novos escravos fugitivos, e não a mulher de Zumbi. De Dinalva, que quase ficou invisível na história da luta armada no Brasil na época da ditadura. De Marinalva, que está fazendo história agorinha mesmo”, complementa a autora.

O livro também conta com uma extensa linha do tempo que mostra conquistas de direitos obtidas pelas mulheres do século 16 até o presente, e traz informações que esclarecem como era ser mulher em determinadas épocas.

Abaixo, curtos perfis de 6 das 44 personalidades do livro.

6 MULHERES ‘QUE REVOLUCIONARAM O BRASIL’

1 Dandara (?-1694)

Rainha do Quilombo dos Palmares, Dandara viveu na região da serra da Barriga, atualmente pertencente ao município de União dos Palmares (AL). Não se sabe ao certo onde ela nasceu ou como chegou ao maior e mais duradouro quilombo das Américas. Segundo narrativas consultadas pelas pesquisadoras, ela não só atuava na proteção do quilombo, na resistência ao regime colonial português e nos ataques aos holandeses, como também propunha estratégias para ampliar Palmares e extinguir o trabalho escravo. “O mais curioso foi perceber o quanto a falta de registros sobre as mulheres foi prejudicial para nossa história. É um caso bem emblemático, porque ela é tão famosa e, ao mesmo tempo, não sabemos muito ao certo o que aconteceu com ela. Os escritos tratam de Zumbi e de Ganga Zumba, mas quase nada de Dandara”, disse Cararo.

2 Anita Garibaldi (1821-1849)

Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em Santa Catarina e lutou na Revolução Farroupilha (1835-45). Morreu precocemente, aos 27 anos, na Itália. “Ela pegou em armas, se expôs a perigos, foi mais corajosa que muito homem durante as batalhas (chegou a disparar canhões e a buscar rebeldes medrosos no porão do navio). Mas o que mais me chamou atenção é que Anita fez muitas de suas proezas como guerreira quando estava grávida ou com filho pequeno. Essa história de sexo frágil é uma falácia. Gestar, parir e ainda fazer o que Anita fez é para ganhar prêmio!”, comentou a autora Aryane Cararo.

3 Dona Ivone Lara (1921)

Primeira mulher na história do samba a se consagrar como cantora e compositora, Dona Ivone começou no ambiente machista das escolas de samba da década de 1940. No início, apresentava suas composições como se fossem de seu primo Fuleiro, também compositor. Formou-se em enfermagem e assistência social e trabalhou como terapeuta ocupacional em um hospital até o final da década de 1970. “Os cinco bailes tradicionais da história do Rio”, de 1965, composto por ela, Silas de Oliveira e Bacalhau, foi o primeiro samba-enredo de uma escola de elite do carnaval carioca a ser assinado por uma mulher. Foi a estreia de Lara na Ala dos Compositores da escola Império Serrano.

4 Dinalva de Oliveira (1945-1974)

Nascida na Bahia, no vilarejo de Argoim, formou-se geóloga na Universidade Federal da Bahia em 1968. Na faculdade, envolveu-se com o movimento estudantil durante a ditadura militar e chegou a ser detida. Filiou-se ao Partido Comunista do Brasil e nos anos 1970, participou da guerrilha do Araguaia. Foi presa e executada, e dada como desaparecida política em 1974. Oliveira virou lenda na região do Araguaia pela bravura. Foi a única mulher a comandar uma equipe no Araguaia e se tornou muito querida na região, porque também era parteira.

5 Marinalva Dantas (1954)

De Campina Grande, Paraíba, a auditora fiscal do trabalho se formou em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em pleno século 21, sua atuação tirou mais de 2.500 pessoas de situações de trabalho em regime de escravidão e mais de 15 mil crianças do trabalho infantil. “Queríamos mostrar que nossas heroínas não estão mortas, muitas estão por aí, lutando, brigando”, disse Aryane Cararo.

6 Indianara Siqueira (1971)

Paraense, ativista dos direitos humanos, coordenadora da ONG Trans-Revolução e idealizadora de projetos como a Casa Nem e o Prepara Nem, que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade. Siqueira é uma das maiores ativistas da causa transvestigenere, termo que une travestis, transexuais e transgêneros. Sua atuação foi pioneira, no Brasil, na reivindicação pelo reconhecimento do nome social.

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