Foto: Marcelo Casall/Agência Brasil

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Através de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados de mortalidade no Brasil, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram calcular o impacto do consumo de alimentos ultraprocessados na população. A análise dessas informações estimou que anualmente 57 mil pessoas morrem prematuramente devido ao consumo desses alimentos, o que representa 10,5% de todas as mortes precoces de adultos entre 30 e 69 anos no país.

 

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é definida pela probabilidade de falecer entre 30 e 70 anos devido a doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas. Segundo o professor Leandro Rezende, um dos autores do estudo e membro do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, estudos epidemiológicos já fornecem evidências suficientes para associar o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados ao risco de desenvolvimento de DCNT. O professor também menciona o excesso de peso e a obesidade, causados pelo consumo desses alimentos, como fatores contribuintes para o desenvolvimento dessas doenças.

A metodologia do estudo envolveu a utilização de dados abertos coletados por meio de questionários para avaliar o consumo alimentar com base em diferentes variáveis. O IBGE realiza esse tipo de pesquisa a cada dez anos e os resultados estão disponíveis em seu site. Os questionários consistem em uma série de perguntas sobre o consumo alimentar individual em todo o país, como parte de um estudo abrangente sobre o perfil dos gastos familiares. Os dados foram analisados por faixa etária, separados por homens e mulheres a partir dos 30 anos. Os pesquisadores avaliaram a quantidade diária de calorias consumidas por cada grupo e a proporção dessas calorias provenientes de alimentos ultraprocessados. Em seguida, os dados de mortalidade do mesmo período foram considerados e, por fim, as informações foram cruzadas.

Eduardo Nilson, outro autor do estudo, atribui esse aumento no consumo de ultraprocessados a uma série de fatores, como campanhas de marketing relacionadas a esses alimentos e o aumento dos preços dos produtos frescos em comparação aos ultraprocessados. Além disso, ele ressalta que “a substituição ocorreu em todos os grupos da sociedade, independentemente da renda. No entanto, tem um impacto maior na população vulnerável. Macarrão instantâneo e biscoitos recheados são exemplos representativos dessa situação.”

O artigo também apresenta um cálculo de quantas mortes poderiam ser evitadas em diferentes cenários de redução do consumo de ultraprocessados . Se a quantidade de calorias diárias provenientes de ultraprocessados fosse reduzida para 10%, cerca de 3.500 pessoas deixariam de falecer de doenças crônicas ao longo do ano. Esse número aumenta à medida que a quantidade de ultraprocessados ingeridos.

 

Exemplos de alimentos ultraprocessados:

 

Refrigerantes

Salgadinhos embalados gordurosos, doces ou salgados

Doces (confeitaria)

Pães produzidos em larga escala

Cookies (biscoitos)

Pastelaria

Bolos e misturas para bolos

Margarina e outros spreads

cereais matinais adoçados

Iogurtes de frutas adoçado e bebida energéticas

Sopas em pó, macarrão e sobremesas instantâneas

Pratos pré-preparados de carnes, queijos, massas e pizzas

Nuggets e palitos de aves e peixes

Salsichas, hambúrgueres, cachorro-quente e outros produtos de carne reconstituída.

 

Com informações de Jornal da USP

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