Foto: Jeenah Moon/Blomberg

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Nas últimas duas semanas, gerentes das cerca de 270 lojas de varejo da Apple nos Estados Unidos se reuniram com membros da equipe para discutir os riscos da sindicalização e atualizar o planejamento da empresa com a primeira loja sindicalizada, localizada em Towson, no estado de Maryland.

As conversas aconteceram após um período de calmaria na Apple. Meses atrás, a companhia realizou sessões de perguntas e respostas e esclarecimentos para abordar os sindicatos e o chefe de varejo enviou um vídeo aos funcionários sobre o assunto. A marca também reteve novos benefícios de locais sindicalizados, gerando protestos de defensores dos trabalhadores.

Até agora, os esforços parecem funcionar: apenas funcionários de apenas duas lojas – Towson e Oklahoma City – se sindicalizaram. Já locais que buscaram organizar trabalhadores, caso de Atlanta e St. Louis, voltaram atrás em seus esforços. Isso significa que o atual estado de sindicalização da Apple está muito longe do ímpeto visto na Starbucks e em outras redes.

A última rodada de reuniões foi consistente em todas as lojas da Apple nos Estados Unidos, com o lado corporativo da empresa emitindo uma mensagem preparada para ser lida aos funcionários. Durante os encontros, a companhia usou a loja de Towson como uma espécie de advertência, o que alguns funcionários viram como uma tática de intimidação, enquanto outros enxergaram apenas como a empresa simplesmente expondo os fatos.

Os gerentes disseram aos trabalhadores que a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM, na sigla em inglês) – sindicato que representa os trabalhadores da loja sindicalizada de Maryland – está exigindo taxas que equivalem a 1,5% do salário. Os gerentes defenderam ainda que essa quantia pode aumentar rapidamente com o tempo e que aqueles que não cumprirem o pagamento podem ser demitidos em um mês, com base nas propostas do sindicato.

Os gestores também afirmaram que a loja de Towson está dando mais prioridade aos funcionários de período integral que desejam tirar folga nos fins de semana, colocando os de meio período em desvantagem. Da mesma forma, eles alertaram as lojas de que os funcionários mais antigos da unidade teriam prioridade sobre os mais novos.

Os representantes da companhia também indicaram, nas reuniões, que os sindicatos podem fazer mudanças sem a permissão dos funcionários, ecoando comentários do chefe de varejo da Apple, Deirdre OBrien, no ano passado: segundo os gerentes, trabalhadores da loja de St. Louis abandonaram os esforços de sindicalização no ano passado e criticaram os representantes sindicais por supostamente enganá-los.

 

Celular da Apple passou por diversas transformações

Além disso, os gestores explicaram o processo de sindicalização de uma forma que alguns funcionários viram como uma tentativa de jogar água fria na ideia. Se apenas uma pequena fração dos funcionários participar de uma eleição trabalhista - e a maioria desse grupo votar pela adesão - o sindicato ainda se aplicará a toda a loja, explicaram os gerentes.

Eles também alertaram que as assinaturas de cartões de autorização, uma etapa inicial do processo, são documentos obrigatórios para participação, não apenas uma maneira (como é frequentemente sugerido pelos sindicatos) de obter mais detalhes.

“Assinar um cartão de autorização significa que você está autorizando o sindicato a falar em seu nome e significa que deseja que o sindicato seja seu representante exclusivo”, disse a Apple aos funcionários.

A empresa tentou equilibrar a discussão, dizendo aos funcionários que acredita no direito de voto - mas que apenas deseja que eles estejam totalmente informados sobre o que estão votando. Embora não tenha dito isso, a mensagem subliminar d empresa aos dezenas de milhares de funcionários das lojas era clara: se sua loja se sindicalizar, você pode estar em desvantagem.

Enquanto isso, a Apple começou a negociar com a loja sindicalizada de Towson, e os dois lados não encontraram muitos pontos em comum. Até agora, a loja fez cerca de 20 propostas, enquanto a empresa fez duas. A companhia concordou provisoriamente com uma das exigências do sindicato: uma política de não discriminação atualizada que acrescenta linguagem dizendo que o próprio sindicato não tolerará discriminação, e não apenas a Apple.

Entre as propostas rejeitadas pela fabricante do iPhone estão a de pagamento semanal em vez de quinzenal, um árbitro terceirizado para resolver queixas e substituir os procedimentos existentes, uma cláusula de respeito e dignidade e basear promoções e demissões no mandato. A empresa e o sindicato ainda negociam políticas de saúde e segurança, treinamento adicional para funcionários que podem ver seus empregos substituídos por novas tecnologias e o que acontecerá se uma loja fechar definitivamente.

Em contrapartida, a Apple propôs uma nova cláusula de direitos de gerenciamento de cinco páginas e uma política de comparecimento que disciplinaria os funcionários atrasados ou ausentes com base em um sistema de pontos durante um período de seis meses. O sindicato não aceitou essas propostas e disse aos funcionários que ainda está trabalhando nos esforços em torno de indenizações, aumentos salariais e férias.

 

Fonte: O Globo

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