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A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais potentes e importantes. A cantora Elza Soares morreu ontem (20), em sua casa, de causas naturais, aos 91 anos.

"É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim", destacou comunicado sobre a morte no Facebook da cantora e assinado por assessores e familiares.

Nessa mesma data, em 1983, morria o jogador de futebol Mané Garrincha, que foi marido da cantora.

Nascida no dia 23 de junho de 1930, no Rio de Janeiro, na favela de Moça Bonita, atualmente Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, Zona Norte da cidade, a menina Elza Gomes da Conceição veio de uma família muito humilde e ainda pequena mudou-se para um cortiço no bairro da Água Santa, onde foi criada.

Passou fome e toda a sorte de necessidades, além de ter sido alvo de violências. Teve uma vida marcada por dores, amores, tragédias mas superou tudo com sua garra e arte.

A carreira musical começou com um um teste na Rádio Tupi, no programa Calouros em Desfile, de Ary Barroso. A menina de 13 anos chegou para cantar vestida modestamente, com figurino improvisado e calçando sandálias baratas, sendo ironizada pelo apresentador diante do auditório lotado. Ary Barroso perguntou a ela "de que planeta ela tinha vindo". E com lágrimas nos olhos, ela respondeu: "Eu vim do planeta fome". Depois soltou a voz e conquistou o primeiro lugar. Após o concurso ela fez um teste com o maestro Joaquim Naegli e foi contratada como crooner (cantor de orquestra ou conjunto musical) da Orquestra Garam de Bailes, onde trabalhou até 1954, quando engravidou. No ano seguinte, voltou a cantar na noite e em 1960 lançou seu primeiro disco, Se Acaso Você Chegasse e, em 1962, seu segundo LP, A Bossa Negra.

Em 1962, Elza fez apresentações como representante do Brasil na Copa do Mundo no Chile, onde conheceu Louis Armstrong (representante artístico dos Estados Unidos), que lhe propôs fazer carreira nos EUA. Neste mesmo ano ela conheceu o jogador Garrincha, no auge da fama e da forma física. Ao se relacionar com ele, que era casado, Elza enfrentou críticas da imprensa e da sociedade. Depois os dois se casaram e mais tarde o relacionamento acabaria se tornando conturbado - ao pendurar as chuteiras, o ex-jogador se entregou à bebida, o que causou a separação dos dois, e novas críticas à Elza, que foi acusada de tê-lo abandonado. Ele faleceu em 20 de janeiro de 1983, de cirrose hepática.

Poucos anos depois mais uma tragédia abalou a cantora, que na juventude já havia perdido dois filhos para a fome. Garrinchinha, fruto da união da estrela da música com o astro do futebol, morreu, ainda criança, vítima de acidente de carro. Mais uma vez, Elza foi ao poço, mas não tardou a juntar seus cacos e se reerguer.

Elsa Soares fez carreira no samba, mas também transitou do jazz ao hip hop, passando pela MPB, lançando 36 discos na carreira. Ela foi eleita, em 1999, pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, apareceu na lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil.

A cantora também ganhou diversos prêmios como três prêmios Grammy Latino e dois WME Awards e, em 2020, foi tema do enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, sua escola do coração.

 

Fonte: O Fluminense

 

 

 

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