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Senador afirma que depoimentos de diretores da Pfizer e do Butantan evidenciam negligência do governo na compra de vacinas

 

 

São Paulo – A CPI da Covid completa um mês de trabalho, nesta sexta-feira (28), e já apresenta provas que confirmam a omissão e o descaso do governo de Jair Bolsonaro no combate à pandemia de covid-19. Segundo a avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), após dez depoimentos colhidos na comissão, está “evidente” que o presidente boicotou a compra de vacinas.

 

Em entrevista à TV Senado, o senador petista falou sobre o primeiro mês da CPI e apontou os depoimentos de Carlos Murillo, executivo da Pfizer na América Latina, no último dia 13, e Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, ontem (27), como os mais importantes até o momento. Os dois relataram que foram ofertadas ao governo brasileiro dezenas de milhões de doses do imunizante, mas as propostas foram ignoradas pelo governo federal.

 

 

“O fato mais relevante é a confirmação da omissão do governo Bolsonaro na condução da pandemia. Temos dois depoimentos, um da Pfizer e outro do Instituto Butantan, que comprovam o descaso na aquisição de vacinas. A vacina, que é a luz no fim do túnel, sempre foi negada pelo governo federal. Ele (Bolsonaro) tentou tirar a credibilidade do imunizante e também não quis fazer a aquisição. A Pfizer tentou vender 70 milhões de doses, o Butantan ofereceu várias propostas, mas o presidente desautorizou a compra”, afirmou Costa.

 

Bolsonaro boicotou vacinas

O presidente regional da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, relatou à CPI da Covid que o governo Bolsonaro ignorou três ofertas apresentadas pela empresa em agosto do ano passado para a aquisição de vacinas. Em cada uma das oportunidades, foram apresentadas duas propostas: uma de 30 milhões de doses e outra de 70 milhões. Na melhor proposta, em 26 de agosto, havia a entrega prevista de 1,5 milhão de doses ainda em 2020.

 

 

Já o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, contou que, em outubro de 2020, o governo federal recusou oferta para aquisição de 100 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. No cronograma do contrato, havia a previsão de entrega de 60 milhões de doses ainda em dezembro do ano passado.

 

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que faz parte da base governista na CPI da Covid, concordou que o presidente errou sobre as declarações contra a vacina. “Ele criou uma guerra ideológica e política contra o governador de São Paulo, e isso não foi bom para o país”, disse também à TV Senado.

 

Para Costa, o governo agiu de maneira desastrosa na compra de imunizantes. “Esse governo adotou uma estratégica de enfrentamento em busca da ‘imunidade de rebanho’ para contaminar um número máximo de pessoas. Testes, leitos de UTI e vacinas não tinham importância para o governo”, criticou o petista.

 

Convocações e reconvocações da CPI da Covid

Os senadores da CPI da Covid aprovaram, na última quarta-feira (26), a reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga. Outros nove governadores também serão convocados a prestar depoimento à comissão, mas ainda sem data marcada.

 

Humberto Costa explica ser importante chamar novamente o atual ministro Queiroga, algo que deve acontecer com regularidade “Como a pandemia continuará, é uma prestação de contas. A CPI é um instrumento de investigação e fiscalização, por isso é importante ouvir o ministro por diversas vezes.”

 

Já sobre a reconvocação do ex-ministro Eduardo Pazuello, o parlamentar apontou que é motivada pelas mentiras ditas pelo general, em seu depoimento nos dias 20 e 21 deste mês. “Ele mentiu de maneira descarada à CPI, o que foi confirmado posteriormente em novos depoimentos. Nós vamos ouvir também aqueles que faziam parte da equipe do Pazuello e encontraremos novos fatos que precisarão ser investigados”, afirmou o senador.

 

O petista criticou a decisão de chamar governadores à CPI, pois, segundo ele, é uma estratégia bolsonarista de tirar o foco sobre as investigações contra o governo federal. “A base do governo ficou excitada com a convocação dos governadores, mas os nomes definidos pela CPI para serem ouvidos, baseados nas operações da Polícia Federal, são quase todos governadores aliados do presidente Bolsonaro”, ironizou.

 

Os nove governadores convocados são Wilson Lima (PSC), do Amazonas; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Mauro Carlesse (PSL), de Tocantins; Carlos Moises (PSL), de Santa Catarina; Antonio Oliverio Garcia de Almeida (PSL), de Roraima; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Wellington Dias (PT), do Piauí; e Marcos José Rocha dos Santos (PSL), de Rondônia.

 

Fonte: Rede Brasil Atual

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